sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Por que algumas pessoas só escolhem parceiros inviáveis?

Chega um momento da vida adulta, depois de um ou dois tropeços, em que somos obrigados a reflectir sobre as nossas escolhas afectivas. Para um amigo de quem eu gosto muito, esse momento chegou por volta dos 35 anos, quando ele percebeu que estava a sofrer, de novo, por uma mulher que não gostava dele. Num momento de lucidez, ele se deu conta de que havia um padrão no seu comportamento, e que encaminhava-lhe, invariavelmente, a um pé na bunda. Na dele (Que fique claro, eu só levei pé na bunda, nos meus tempos da secundária de Lhanguene lá pras bandas do cemitério de uma menina, na altura, linda de morrer, que me fazia com ela sonhar de tanta imaginação fértil por ela nutrir, curiosamente quis ela se aproximar posteriormente, mas não deu mais, não era para dar, foi daí que resolvi gostar de quem gostasse de mim, o resto nem vos conto..rsrsr).

Mais adiante, Ivan começa com essa história corriqueira para falar daquilo que chamam de “dedo podre”, a capacidade que têm algumas pessoas, homens e mulheres, de escolher sempre o parceiro errado.
Há muitas pessoas assim. Elas não têm sexo, idade ou tipo físico determinado. Nem o temperamento delas é parecido. Em comum, têm apenas essa terrível inclinação a se ligar emocionalmente a gente inviável – que, por uma razão ou por outra, é incapaz de manter com elas o tipo de relação que elas gostariam de ter.

Eu não sei como esse dedo aparece, mas tenho algumas suspeitas.
Ao contrário do que se diz, minha primeira impressão é que não se trata apenas de azar. Se o primeiro namorado da Fulana era um malandro mentiroso, o segundo um psicopata ciumento e o terceiro ainda está apaixonado pela ex-mulher, não dá para culpar a falta de sorte. Fulana, claramente, não sabe escolher. Continua sendo uma coitadinha, mas a responsabilidade é dela, não do destino.

Ah! Voltando ao Ivan Martins, diz ele suspeitar que por trás de cada escolha equivocada exista sempre uma alma carente. É óbvio, né? Quem precisa demais da atenção dos outros não consegue julgar ninguém direito. A pessoa se agarra ao primeiro que passa, cai na primeira conversa que escuta, se apaixona por qualquer um. Falta critério a quem precisa demais de carinho. Gente assim torna-se extremamente vulnerável. Vira uma presa fácil dos truques, desmandos e caprichos dos outros.

Na sua coluna, além da carência, Ivan fala do velho problema da auto-estima (Ah! Nosso presidente trabalhou bastante nesse "negócio", dizem as outras línguas que a iniciativa foi do polémico e meno feliz cantor MC Roger).

Mas a verdade, meus caros, é que quem gosta de si mesmo fica melhor sozinho, quem gosta de si mesmo procura gente que lhe faz bem, quem gosta de si mesmo busca uma pessoa especial, porque sente que merece. Quem não se gosta faz tudo ao contrário. Sim, faz.

Tempos atrás, uma analista me disse que a pessoa que a gente escolhe diz muita coisa sobre nós. Ela conta, sobretudo, como vemos a nós mesmos. Faz sentido, não?

Alguém que se envolva sistematicamente com tranqueiras está informando ao mundo que não se acha melhor do que aquilo. Gente que se deixa maltratar e humilhar anuncia aos quatro ventos que não tem respeito por si mesmo. O contrário também é verdadeiro. Quando alguém que conhecemos aparece ao lado de uma pessoa alegre, altiva e generosa, quando exibe uma relação apaixonada e sólida, nossa impressão sobre ele ou sobre ela cresce. 

Nem poderia ser de outra forma. Diga-me com quem dormes e te direi quem és. Ou, pelo menos, como te imaginas.

Antes de encerrar, eu queria deixar claro que não acho que escolher seja fácil. Sobretudo no mundo em que a gente vive. Há gente demais à nossa volta, as opções são muitas e a confusão é enorme. Ao contrário do que diz aquele árbitro de futebol na televisão, as regras não são claras. Mas, se a vida não oferece garantia contra enganos, ela nos dá alguma inteligência para perceber quando eles ocorrem por repetidas vezes. Isso nos permite tomar providências.

Por ter vivido e observado, sei que “dedo podre” tem cura. Não é como aquela dor no baço da adolescência, que simplesmente passa. Carência, falta de autoestima e ausência de ambição sentimental (“pra mim, qualquer um serve”) têm de ser activamente combatidas. Com ajuda externa, se necessário.

O amigo a que eu me referia no início desta coluna fez anos de análise para colocar seus sentimentos no lugar. Demorou, mas um dia percebeu os factos elementares da vida amorosa: não existe amor sem reciprocidade, não há vida comum sem afinidade, o desejo não compensa sofrimento. Com isso, o dedo podre dele ficou no passado. E o seu?

(Adptado do texto de Ivan Martins)

A Pessoa Mais Próxima de Si...


Caro Leitor,

Quer sim, quer não, a verdade é que a pessoa mais próxima de você não é a sua esposa, filho, pai ou mãe, amigo de infância. Não. A o ente mais próximo e você é você mesmo. Você terá de conviver consigo mesmo para sempre, e por isso deve fazer de tudo para que você seja uma boa companhia para si mesmo.


Ai de ti, se você não gosta de si mesmo! 


Se é o seu caso, pare um minuto para se questionar sobre o porque disso. Haverá algo realmente errado com você ou por outra, não será porque você estar a se olhar através dos olhos do outro? Pessoas críticas que não o amam?

Os críticos, que se danem!

Mas se você vê que há algo realmente errado com você, então trabalhe nisso. Ataque aquela debilidade, falha ou mau habito. E, faça-me um favor, simples: não desista. É claro que você vai tropeçar. Sim. Você vai se decepcionar consigo mesmo. Mas cá entre nós o que a determinação não faz? É por meio dela que você melhorar. Ela sempre se mostrou um condimento indispensável para os protagonistas dos grandes feitos da história da humanidade.

Não há outra opção.

Você estará consigo mesmo até seu último suspiro. Então, se sua intenção é fazer dessa jornada algo agradável da qual vá se orgulhar, o melhor a fazer é tentar melhorar como pessoa. isto serve para todos nós, sem excepção.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Morte de Nelson Mandela faz manchete dos jornais do mundo

Jornais do mundo inteiro deram grande destaque à morte do ex-presidente da da África do Sul, Nelson Mandela , conhecido mundialmente por sua luta contra o regime do Apartheid. Na Grã-Bretanha os jornais The Guardian, The Daily Telegraph e The Independent dedicaram capas inteiras ao ex-líder sul-africano.

A edição final do tablóide britânico The Sun inclui doze páginas de tributo, enquanto o Times conta com um encarte de dezasseis páginas contando sobre sua vida na prisão, e relembrando a primeira eleição na África do Sul aberta a eleitores de todas as raças do país.

A edição também inclui o texto de seu discurso feito durante seu julgamento em 1964 em que ele respondia por acusações de sabotagem.

O The Daily Telegraph descreve Mandela como “o arquitecto que transformou a África do Sul de despotismo racial em uma democracia liberal”, e conta sua vida em um obituário dividido em sete partes.
Para o editor do The Independet, Paul Vallely, “Ele era um modelo de fé, esperança, e caridade. Havia algo sobre ele que o mundo aspirava.”

O The Guardian publicou uma linha do tempo com os momentos mais importantes da vida de Mandela. E em sua versão online os leitores são convidados a clicar nas imagens mais impressionantes feitas do ex-líder do Congresso Nacional Africano.

Lembrando que o nome dado à Mandela no nascimento, Rolihlahla, tem o significado tribal de “um que traz problema sobre si”, o Daily Mirror diz “A história vai registar que Nelson era um herói que causou problemas durante toda a sua vida, até seus últimos anos quando seus olhos ainda brilhavam e ouvíamos sua risada sem vergonha.”
"Libertador do seu povo"

O diário americano The New York Times também dedicou sua primeira página ao ex-presidente, com a manchete “Conquistador do Apartheid na África do Sul, como combatente, prisioneiro, presidente e símbolo”.

A manchete do Washington Post relata a morte do homem “que curou uma nação”, e o jornal ressalta ainda que “sua vida heróica e estatura moral imponente fizeram dele um dos estadistas mais influentes da história.”
Para o espanhol El Pais, Mandela “foi o homem que derrotou o racismo”, e descreve o ex-presidente como alguém que tinha “à sua disposição um cocktail sedutor e irresistível composto por um encanto infinito, nascido com uma imensa segurança em sim mesmo, princípios inflexíveis, visão estratégica e um pragmatismo absoluto.” Para o jornal, “sua biografia traça a vida de uma personalidade única”.

O argentino Clarín descreve Mandela como “símbolo da dignidade e da luta contra o ódio”. O diário lembra também a visita de Mandela à Argentina em 1998, e como o ex-líder foi ovacionado durante cinco minutos no Senado argentino.

O jornal francês Le Monde optou pela simples, e directa, manchete “Nelson Mandela está morto”. O diário diz ainda que Mandela tem sido comparado, por seu carisma e feroz determinação, a Mahatma Gandhi, Dalai Lama e Martin Luther King. Mas ressalta que “é mais provável que Nelson Rolihlahla Mandela represente para a África o que Abraham Lincoln foi para os Estados Unidos e Simón Bolívar para a América do Sul: Um libertador.”(Cdb)









África e o Mundo choram Madiba


Com o seu desaparecimento físico, Nelson Mandela, mergulhou no inconsciente colectivo da humanidade para nunca mais sair de lá porque se transformou num arquétipo universal, do injustiçado que não guardou rancor, que soube perdoar, reconciliar pólos antagónicos e nos transmitir uma inarredável esperança de que o ser humano ainda pode ter jeito. Depois de passar 27 anos de reclusão e eleito presidente da África do Sul em 1994, se propôs e realizou o grande desafio de transformar uma sociedade estruturada na suprema injustiça do Apartheid que desumanizava as grandes maiorias negras do pais condenando-as a não-pessoas, numa sociedade única, unida, sem discriminações, democrática e livre.


E o conseguiu ao escolher o caminho da virtude, do perdão e da reconciliação. Perdoar não é esquecer. As chagas estão ai, muitas delas ainda abertas. Perdoar é não permitir que a amargura e o espírito de vingança tenham a última palavra e determinem o rumo da vida. Perdoar é libertar as pessoas das amarras do passado, é virar a página e começar a escrever outra a quatro mãos, de negros e de brancos. A reconciliação só é possível e real quando há a admissão completa dos crimes por parte de seus autores e o pleno conhecimento dos actos por parte das vítimas. A pena dos criminosos é a condenação moral diante de toda a sociedade.

Uma solução dessas, seguramente originalíssima, pressupõe um conceito alheio à nossa cultura individualista: o Ubuntu que quer dizer: “eu só posso ser eu através de você e com você”. Portanto, sem um laço permanente que liga todos com todos, a sociedade estará, como na nossa, sob risco de dilaceração e de conflitos sem fim.

Deverá figurar nos manuais escolares de todo mundo esta afirmação humaníssima de Mandela:”Eu lutei contra a dominação dos brancos e lutei contra a dominação dos negros. Eu cultivei a esperança do ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas e em harmonia e têm oportunidades iguais. É um ideal pelo qual eu espero viver e alcançar. Mas, se preciso for, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.

Por que a vida e a saga de Mandela funda uma esperança no futuro da humanidade e de nossa civilização? Porque chegamos ao núcleo central de uma conjunção de crises que pode ameaçar o nosso futuro como espécie humana. Estamos em plena sexta grande extinção em massa. Cosmólogos (Brian Swimm) e biólogos (Edward Wilson) nos advertem que, a correrem as coisas como estão, chegaremos por volta do ano 2030 à culminância desse processo devastador. Isso quer dizer que a crença persistente no mundo inteiro, de que o crescimento económico material nos deveria trazer desenvolvimento social, cultural e espiritual é uma ilusão. Estamos a viver tempos de barbárie e sem esperança.

Cito o insuspeito Samuel P. Huntington, antigo assessor do Pentágono e um analista perspicaz do processo de globalização no término de seu O choque de civilizações: “A lei e a ordem são o primeiro pré-requisito da civilização; em grande parte no mundo elas parecem estar evaporando; numa base mundial, a civilização parece, em muitos aspectos, estar cedendo diante da barbárie, gerando a imagem de um fenómeno sem precedentes, uma Idade das Trevas mundial, que se abate sobre a Humanidade”(1997:409-410).

Acrescento a opinião do conhecido filósofo e cientista político Norberto Bobbio que como Mandela acreditava nos direitos humanos e na democracia como valores para equacionar o problema da violência entre os Estados e para uma convivência pacífica. Em sua última entrevista declarou:”não saberia dizer como será o Terceiro Milénio. Minhas certezas caem e somente um enorme ponto de interrogação agita a minha cabeça: será o milénio da guerra de extermínio ou o da concórdia entre os seres humanos? Não tenho condições de responder a esta indagação”.

Face a estes cenários sombrios Mandela responderia seguramente, fundado em sua experiência política: sim, é possível que o ser humano se reconcilie consigo mesmo, que sobreponha sua dimensão de sapiens à aquela de demens e inaugure uma nova forma de estar juntos na mesma Casa.

Talvez valham as palavras do amigo pessoal de Mandela, o também sul-africano arcebispo Desmond Tutu que coordenou o processo de Verdade e Reconciliação: “Tendo encarado a besta do passado olho no olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo feito correcções, viremos agora a página — não para esquecer esse passado, mas para não deixar que nos aprisione para sempre. Avancemos em direcção a um futuro glorioso de uma nova sociedade em que as pessoas valham não em razão de irrelevâncias biológicas ou de outros estranhos atributos, mas porque são pessoas de valor infinito, criadas à imagem de Deus”.
Essa lição de esperança nos deixa Mandela: nós ainda viveremos se sem discriminações pusermos em prática de fato o Ubuntu.(Leonardo Boff é filósofo e escritor, escreveu Cuidar da Terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo, Record, Rio 2010)






Você é assertivo?

Aqui vai uma palavra que precisa fazer parte de você. A origem da palavra “assertividade” é do latim “assertus” ou “asserere”, que significa “afirmar, manter, clamar direitos sobre algo; abraçar um ponto de vista com firmeza”. Ser uma pessoa assertiva significa saber dizer “sim” ou “não” quando for preciso. É o equilíbrio entre passividade e agressividade.

A pessoa que não é assertiva acaba pendendo para um dos dois extremos. Ou ela é passiva ou é agressiva.

No extremo da passividade, a pessoa acredita assim:

  • Outros são mais importantes, mais inteligentes ou melhores que eu
  • As pessoas não gostam de mim porque eu não tenho muitas qualidades
  • Minha opinião não tem valor e nunca será valorizada
  • Tenho que ser perfeito em tudo o que faço, caso contrário, eu sou um fracasso total
  • É melhor ficar na minha e não dizer nada ao invés de falar o que penso


No extremo da agressividade, a pessoa acredita assim:

  • Eu sou mais inteligente e mais poderoso que os outros
  • Não dá para confiar em ninguém, as pessoas são todas irresponsáveis
  • Esse é um mundo cão; tenho que pegar os outros antes que me peguem
  • A única maneira de conseguir as coisas é dar ordens. Pedir é sinal de fraqueza
  • Quem não joga duro pelo que quer só tem o que merece


No equilíbrio da assertividade, a pessoa acredita assim:

  • Eu sou igual aos outros, com os mesmos direitos básicos de todo mundo
  • Eu sou livre para pensar, me expressar, escolher e tomar decisões por mim mesmo
  • Eu tenho o direito de tentar, cometer erros, aprender e melhorar
  • Eu sou responsável por minhas próprias atitudes e por minhas reacções a outras pessoas
  • Eu não preciso de permissão para tomar atitudes que não desrespeitem ninguém
  • Não é o fim do mundo discordar dos outros. Acordo nem sempre é necessário ou possível
  • Eu tenho o direito de dizer “não” ou “sim” quando preciso


Ser assertivo é ter confiança em si mesmo e consciência do valor próprio, com equilíbrio e responsabilidade. E isso é uma qualidade rara nas pessoas. É rara porque deriva de crenças sadias, equilibradas e justas.

E aí, mais uma vez, você vê o papel da fé inteligente — a crença nos princípios de Deus. A fé inteligente produz assertividade. Já a religião produz um dos dois extremos — basta olhar ao redor e ver.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013