sexta-feira, 27 de abril de 2012

Barça oferece contrato em branco a Guardiola, mas técnico diz que quer sair…eish!

Segundo canal de TV da Europa, treinador estaria disposto a ficar um tempo longe do futebol


A novela sobre a renovação de Guardiola com o Barcelona continua. Nesta quinta-feira, o presidente do clube catalão, Sandro Rosell, teria oferecido um contrato em branco para o treinador, além de comando total do futebol blaugrana. Apesar disso, o técnico estaria disposto a deixar a equipe e ficar um tempo longe do futebol. 

De acordo com o canal Sky Sports, Guardiola teria dito, na reunião que teve com os dirigentes do Barça, que gostaria de sair no fim da atual temporada e descansar do mundo do futebol por alguns meses.  A edição espanhola do MARCA aponta que há um certo pessimismo no clube catalão e que o presidente Rosell já conhece a decisão de Pep desde quarta-feira. 

Já o diário catalão Mundo Deportivo revelou que o Barcelona não medirá esforços para segurar eu treinador. Além do cheque em branco oferecido por Rosell, Guardiola seria o responsável por decidir sobre saídas e entradas de jogadores e da comissão técnica, além de assinar um contrato com as cláusulas que quisesse.

"Quero agradecer de todo o coração a Pep, por tudo que ele deu à minha carreira profissional e pessoal. Devido à emoção que sinto, preferi não estar presente  na colectiva de Pep, longe da imprensa, principalmente porque eles buscarão os rostos tristes dos atletas, e isto é algo que decidi não demonstrar", declarou Messi.

Puyol, Xavi, Iniesta e Valdés, líderes do elenco, contudo, preferiram acompanhar a entrevista de Guardiola. Piqué, Cesc Fábregas, Sergio Busquets e Pedro também compareceram à emocionante despedida do treinador, que conquistou 13 títulos com o Barcelona.

quarta-feira, 25 de abril de 2012


Confissões de um adepto madrileno:
 DEVO AFIRMAR: Incultos e incongruentes são todos aqueles que culpam Messi pela derrota dos culés!

 Esqueceram-se hoje a quem devem a fase a que o Barcelona chegou...aliás a equipe não é só o Messi...Não era tarefa absoluta e exclusivamente dele levar os culés a final... Esquecem-se das noites de glória que o el tímido lhes proporcionou. Meus caros, culpar Messi pela derrota de toda uma equipe é, além de penoso, uma atitude de gente pouco instruída em matérias de prudência e honestidade no julgar das causas. É gente que sabe julgar e, com suas línguas intrépidas e aguçadas, apontam o maléfico dedo, olvidando que os remanescentes apontam para eles mesmos...Djelas djon! E mais, há que admitir que todos nós temos os nossos melhores e maus dias, e embora para Messi maior parte dos seus dias fossem melhores, esse foi o mau.

Me desiludo com certas manchetes caluniadoras do tipo Messi enterra o Barcelona… Meus caros, devo confessar que o jornalista que editou essa matéria deve ser mesmo adepto ferrenho do Barcelona. Se esquece esse jornalista do que das manchetes dos jogos em que o “nino” marcava 4 golos numa partida, e impiedosamente, crucifica o melhor do mundo por ter falhado um penal, esquecendo-se que, como dizia o Big do Barça: Messi era um penalte em 10!

E por isso mesmo, venho humildemente, expor que, conquanto quisesse que o Barça perdesse....reconheço a dimensão, o futebolista invulgar, e a abnegação desse pequeno grande argentino pelo sucesso de Catalunha... E por fim, deixar ficar, as doutas palavras do Presidente do Barcelona sobre o sucedido em Camp Nou:

«Não vamos alterar o nosso estilo de jogo, continuaremos a jogar assim porque é esta a nossa filosofia e é isso que esperam de nós. Estou triste pela eliminação, mas muito orgulhoso», reforçou Rosell, recusando sacrificar Messi pela grande penalidade desperdiçada na segunda parte: «Tivemos várias ocasiões de golo, não é uma questão de se ter falhado um penalty ou não. Messi pode falhar um mas marca os dez seguintes».
Viva Real Madrid!!!! Viva Mourinho!!! Viva Cristiano Ronaldo!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Da odisseia sobre a navegabilidade do Zambeze para escoamento do carvão à sábia decisão do governo moçambicano

Projecto de Carvão de Moatize, Tete.

É difícil não ficar abatido ao ler grande parte das notícias do nosso continente, países devastados pelas guerras, fome, pobreza, seca e, sem se esquecer da voraz intenção das multinacionais ocidentais em explorar o desespero dos governos locais em usufruir das receitas externas.

Mas, apenas ocasionalmente, uma história edificante rompe a bruma e o pessimismo.

É o caso de Moçambique, onde o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), cancelou 146 projectos de investimento em diversas actividades económicas, por incumprimento das exigências da legislação ambiental em vigor no país.

As propostas canceladas incluem as actividades de uma das grandes empresas ocidentais, trata-se da empresa australiana Riversdale Mining Ltd, que foi adquirida em Abril de 2010 pela anglo-australiana Rio Tinto Group. Em um comunicado à imprensa, comemorando o triunfo da sua aquisição corporativa a Rio Tinto escreveu as seguintes linhas: 
"A bem-sucedida aquisição fornece a Rio Tinto projectos de mineração e exploração de carvão em Moçambique, incluindo o projecto de Benga, uma joint venture de 65:35 com a Tata Steel Limited.

A concessão mineira havia sido concedida para esse projecto, com o carvão inicial para exportação prevista para antes do final do ano. Além disso, o projecto de carvão do Zambeze, 100% propriedade da Riversdale. Também, foi concedida uma licença de exploração para esse projecto. De referir que, esses projectos estão localizados na província de Tete, distrito de Moatize. A Riversdale também tem vários potenciais campos de exploração na região”

Deve-se salientar aqui, que o grupo anglo-americano Rio Tinto é um conglomerado de mineração cujo lucro superou, em 2010, os USD$ 60 bilhões. Na sua previsão do ambiente económico para Moçambique, em Março de 2011, o Fundo Monetário Internacional estimou que o PIB nacional para 2011 seria de US$ 10,5 bilhões, com uma taxa de pobreza de 79,8%. Então, o que terá levado as autoridades moçambicanas a cancelar um projecto proposto por uma empresa cuja receita anual ultrapassara o PIB do país em 600%?
Refira-se que a Proposta da Riversdale Mining Ltd defendia o transporte do carvão para o mar por meio de barcaças que navegassem em pleno rio Zambeze.

E, para sustentar a sua proposta, em 2011, Riversdale Mining Ltd apresentou um Relatório do estudo de Impacto Ambiental para o transporte de carvão em barcaças ao governo, estudo encomendado à empresa moçambicana especialista no assunto, a Impacto, e que, talvez não para nossa surpresa, concluiu que o transporte de carvão através do rio Zambeze não iria causar danos ambientais “significativos”.

No entanto, o governo decidiu não aprovar o projecto, apesar do facto de que o carvão tivesse um mercado pronto bem ao lado, a África do Sul.

O Secretário Permanente do MICOA, Samuel Xirinda, disse que os 146 projectos cancelados por causa de restrições da legislação ambiental constituíam cerca de um terço dos 437 dos projectos auditados pelo governo em 2011.

Mas Xirinda reconheceu que os mecanismos do governo para a supervisão continuam sendo insuficientes, afirmando: "Há também deficiências em instituições do sector no monitoramento e lidar com várias questões ambientais, razão pela qual há um esforço máximo com vista a incluir órgãos técnicos do governo no processo de tratamento de considerações de investimento, incluindo acção ambiental, recursos minerais, entre outros.

Sem dúvida, a Rio Tinto se sentiu surpreendida pela oposição do governo moçambicano, e o pior ainda pode estar por viro, já que Xirinda disse aos jornalistas, que especialistas noruegueses estão a caminho para formar técnicos moçambicanos na matéria de avaliação de projectos relacionados à exploração de hidrocarbonetos.
Governos africanos a recusar intenções das multinacionais para desenvolver as suas operações em favor das preocupações ambientais? Porque não?! Enquanto isso, os peixes do Zambeze, a maior bacia hidrográfica na África austral, que atravessa não só Moçambique, mas Angola, Botswana, Malawi, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, bem como, juntamente com as populações que revestem as suas margens, são, sem dúvida gratos a paciência e previdência do governo de Guebuza, mesmo que momentaneamente atrase o encaixe de mais uns milhões de dólares nos cofres do Estado moçambicano. 

terça-feira, 6 de março de 2012

Qual é o lugar da indústria extractiva no plano de desenvolvimento nacional?


O país atravessa um momento particular da nossa história, em que o debate nacional e as recentes descobertas do gás na bacia do Rio Rovuma, e não só, consagram o sector de energia e industria extractiva como motor de desenvolvimento e aponta Moçambique como uma futura economia energética emergente com possibilidade de partilhar a liderança na comercialização do gás natural em África. Entretanto, em meio a este panorama brioso paira no ar uma questão pertinente que, efectivamente, carece de uma resposta abrangente e sólida no contexto actual: Qual é o lugar da Indústria Extractiva no Plano de Desenvolvimento Nacional?
Entre os dias 25 a 27 de Janeiro de 2012 realizou - se na Cidade de Matola, Província de Maputo o XXXVI Conselho Consultivo do Banco de Moçambique (Banco Central que zela pela saúde da moeda moçambicana, é o banco dos bancos comerciais e aconselha o Governo em politicas monetárias entre outras funções) e no último dia, o Banco de Moçambique convidou os académicos, antigos e novos governantes, incluindo ex-governadores do Banco de Moçambique, sociedade civil, entre outros sectores para discutir a proposta de Estratégia Nacional de Desenvolvimento, um documento de médio e longo prazo que perspectiva o crescimento económico e as acções do governo para melhorar a vida da população. Este plano surge num momento particular da nossa história, em que o debate nacional e as recentes descobertas do gás na bacia do Rio Rovuma e não só, consagram o sector de energia e industria extractiva como motor de desenvolvimento e aponta Moçambique como uma futura economia energética emergente com possibilidade de partilhar a liderança na comercialização do gás natural.
Ao observarmos o debate público relativo ao desenvolvimento do país, apraz-nos estabelecer ou levantar as seguintes preocupações:
Qual será o lugar ou papel da energia e indústria extractiva neste ambicionado plano de desenvolvimento nacional? Terá um lugar central ou será subsidiária/subordinada dos outros sectores?
Ora! Desde a independência a agricultura tem sido apontada como sendo a base de desenvolvimento do país em vários planos e estratégias nacionais de desenvolvimento. Nada há a obstar em relação a priorização ou lugar central da agricultura na visão de desenvolvimento nacional, pelo contrário, encorajamos. O que realmente apraz-nos referir é que não está suficientemente clara nas acções do governo a operacionalização destes planos e estratégias. Se a agricultura é a prioridade, a base do desenvolvimento ou se simplesmente deveria ser. Concretamente não se viu nenhuma estratégia que materializasse este desiderato e que subordinasse o funcionamento dos outros sectores para a consubstanciação da agricultura como base de desenvolvimento.
A verdade é que o país continua a importar a maior parte dos produtos alimentares, e a prática agrícola ainda é maioritariamente rudimentar e tradicional ou seja pouco mecanizada. Assim sendo temos um país onde a base de desenvolvimento é a agricultura mas que pouco produz. Não se viu em nenhum momento, por exemplo, a articulação da educação com a agricultura. A filosofia do ensino no país pouco acompanhou a necessidade de um desenvolvimento baseado na agricultura. O mesmo pode dizer do sector da indústria extractiva, águas, transporte, etc. Não se assistiu uma mobilização geral da sociedade e de todas suas forças vivas para promoção do desenvolvimento baseado na agricultura. O que esperar da estratégia nacional de Desenvolvimento?
Que mudanças visam lograr? Esta estratégia surge enquanto o sector da energia já conhece uma dinâmica própria. Continuará a ser o sector de energia e industria a ser reservado o papel de financiar o desenvolvimento? Mas, muitos e sérios riscos existem para as economias fortemente dependentes da indústria extractiva.
Os casos de Angola onde mais de 90 % do PIB vem do sector da indústria extractiva (petróleo e diamante), da Zâmbia onde tem a economia totalmente dependente do cobre, da Nigéria, dependente do petróleo e outros que são casos de economias dependentemente da oscilação do preço no mercado internacional o que, consequentemente, agrava o custo de vida e dificulta a melhoria de vida da população.
Frequentemente, os países que possuem abundantes reservas petrolíferas ou minerais obtêm as suas receitas a partir de recursos que estão concentrados em termos de propriedade, ou seja, são propriedade do próprio Estado. Isto desincentiva o investimento noutros sectores económicos por parte do próprio Estado, mas também por parte dos cidadãos, impedindo assim o aparecimento de pequenos ou médios empresários, capazes de gerar emprego, ou seja, o aparecimento de uma sociedade civil forte e autónoma.
A ideia é que as estratégias desenvolvimento devem responder as questões de como devem ou serão mobilizadas todas forças vivas da nação em todos os sectores e os demais recursos para o alcance do tão almejado desenvolvimento sustentável.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CRISE DO EURO: MOEDA AO AR!!!

Angela Merkel, na solidão de um quarto de hotel, olha para uma moeda de €1 na palma da sua mão. A imagem é muito literal. O que vai acontecer à Europa vai acontecer a todos nós. E o que será, hoje? "Os acontecimentos podem passar do impossível ao inevitável sem pararem no provável".
 
A frase de Alexis Tocqueville, escrita há mais de 150 anos, passa a comentário do dia. A cimeira europeia que hoje começa tem pouco para correr bem, excepto o desespero de que possa correr mal. O que era impossível pode passar a inevitável: ou mais Europa ou Europa nenhuma.

Seja a 27, a 17, a dois ou a sós, a chanceler alemã sabe que o tudo ou nada depende essencialmente de si. Isso o lhe é necessariamente desfavorável: se queria fazer o que queria, assim poderá fazê-lo agora. Nos 17 do euro, há um sobranceiro e 16 suplicantes - incluindo a França, que se alinhou debaixo da Alemanha para ficar na fotografia.

Nos 27 da União Europeia , contudo, não é assim. O Reino Unido está contra alterações na regulação financeira. Quer aproveitar a renegociação de tratados para exigir contrapartidas. Quer talvez excluir-se do processo de integração europeia e tornar-se numa grande Suíça da Europa. É bom para o negócio.

A cimeira comou na verdade ontem. Vestida de preto, Angela Merkel chegou depois de o Banco Centra Europeu ter ido além do que se esperava mas ficado aquém do que se pedia. Num punhado de medidas, o BCE fez uma coisa e disse outra. O que fez foi ajudar os bancos, quer baixando o custo do dinheiro, quer aumentando a sua capacidade para mobilizarem liquidez. Assim foi para compensar medidas da refoo de capitais de que discordam. E para ser activo contra um 2012 que, afinal, será de recessão europeia. 
 
Texto de Pedro Santos Guereiro, Jornalista e director do Jornal de Negócios

Tarde Demais???

Nos deparamos agora com o fato, meus amigos, de que o amanhã está aqui hoje. Somos confrontados pela feroz urgência do agora.

No desenrolar deste dilema da vida e da história, existe tal coisa como tarde demais. A procrastinação ainda é a ladra do tempo. A vida muitas vezes nos deixa despidos, nus, e abatidos pelas oportunidades perdidas. A maré nos assuntos humanos não permanece cheia –também recua e abaixa.

Podemos clamar, em desespero, para que o tempo faça uma pausa em sua passagem, mas o tempo é irredutível e surdo às súplicas, e se apressa em seu curso. Sobre os ossos embranquecidos e os resíduos caóticos de muitas civilizações, estão escritas as patéticas palavras: “Tarde demais”.

— Martin Luther King, Jr

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Extravagante, Kadhafi não era avesso a banhos de sangue


A paixão de Muammar Kadhafi por uniformes extravagantes, guarda-costas exóticas e tendas beduínas forneceram o fundo teatral para 42 anos de repressão sangrenta que, no final, não conseguiu conter um levante determinado apoiado pelo poder aéreo da NATO.

Expulso de Tripoli quando as forças rebeldes invadiram a capital no mês passado, Kadhafi sumiu de cena, supostamente indo para os espaços desérticos no sul de seu vasto país.

Mas, na quinta-feira, figuras importantes do Conselho Nacional de Transição anunciaram que o homem que governara o país estava morto, tendo sucumbido a ferimentos quando os ex-rebeldes invadiram sua cidade-natal, Sirte, o último bastião dos combatentes ainda leais ao antigo regime.

Além de sua excentricidade, Kadhafi tinha um carisma que inicialmente lhe rendeu apoio entre os líbios. Sua prontidão em desafiar as potências ocidentais e Israel, seja com retórica seja com acção, fizeram dele um líder atraente para uma certa parte da população de estados árabes que achava seus próprios líderes muito indolentes.

Enquanto os líderes de países vizinhos árabes caíam rapidamente frente aos levantes populares, Kadhafi resistiu, levando a NATO e os insurgentes locais a uma luta sangrenta.

Pela maior parte de seus 42 anos de governo, Kadhafi manteve uma posição proeminente na galeria ocidental de ditadores internacionais, enquanto mantinha um controle rígido na Líbia, eliminando dissidentes e se recusando a nomear um sucessor.

Kadhafi levou adiante uma reaproximação bem-sucedida com o Ocidente ao renunciar a seu programa de armas de destruição em massa em troca do fim das sanções. Mas ele não conseguiu evitar a onda de revolução popular que varreu o mundo árabe.

Em retrospecto, seu tempo acabou quando ele apontou suas armas na direcção dos manifestantes e enviou o Exército para limpar Benghazi, fazendo com que as potências ocidentais e a NATO começassem uma campanha de ataques aéreos que permitiram às forças rebeldes derrubá-lo.

O líder líbio, seu filho e o seu chefe de espionagem eram procurados por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional em Haia por terem planeado a repressão violenta do levante que começou no leste do país.

Enquanto o país produtor de petróleo mergulhava na guerra civil, o Exército de Kadhafi respondia com força fatal que nunca teve medo de utilizar.

Quando a insurgência começou, em meados de Fevereiro, os manifestantes foram mortos a centenas. Enquanto as tropas de Kadhafi avançavam sobre Benghazi, ele advertiu os rebeldes que “não haveria perdão, nem piedade”. Eles seriam caçados “alameda por alameda, casa a casa, quarto a quarto”.

Essas palavras podem ter sido sua ruína. Dias depois, as Nações Unidas aprovaram uma resolução abrindo o caminho para uma campanha de bombardeio da NATO que acabou com a força aérea, os tanques e armas pesadas da Líbia.

“Cachorro louco”

Os bombardeiros também atingiram seu quartel-general em Trípoli. Um ataque aéreo matou seu filho e três netos. Essa não foi a primeira vez que o Ocidente matava um parente de Kadhafi. O ex-presidente dos EUA Ronald Reagan chamava Kadhafi de “cachorro louco” e enviou caças para bombardear seu complexo em Bab al-Aziziyah em 1986, depois da explosão de uma casa nocturna em Berlim atribuída a agentes líbios.

Em Maio passado, Kadhafi provocou a NATO, dizendo que suas bombas não poderiam encontrá-lo. “Estou dizendo aos cruzados covardes que estou em um local em que eles não podem alcançar e me matar”, disse em uma transmissão por rádio.

-Não deixarem essa terra, morrerei aqui como um mártir… Devo permanecer aqui desafiante, disse ele em uma das transmissões.

Um dos líderes com maior tempo de governo do mundo, Kadhafi não tinha um cargo oficial no governo e era conhecido como o “irmão líder e guia da revolução”.

Ele lutava por influência na África, exibindo-se para os vizinhos mais pobres com a vasta riqueza de petróleo da Líbia e se denominando “o rei dos reis”.

Guarda feminina

Sua paixão por gestos grandiosos era visível durante a visita ao exterior, quando dormia em uma tenda beduína guardada por dezenas de seguranças mulheres.

Na Itália no ano passado, o convite de Kadhafi para que centenas de moças se convertessem ao Islão foi o assunto mais comentado da visita.

Kadhafi também confiava bastante em suas quatro enfermeiras ucranianas, inclusive uma mulher descrita em documentos vazados pelo Wikileaks como “uma loira voluptuosa”. O documento especulava sobre uma relação romântica com a enfermeira, Galyna Kolonytska, de 38 anos, que fugiu da Líbia assim que a guerra começou.

Kadhafi nasceu em 1942, filho de um pastor beduíno, em uma tenda perto de Sirte, na costa mediterrânea. Ele abandonou o curso de geografia na universidade para seguir a carreira militar.