segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Egipto: Regime tenta silenciar os mortos da revolta

O número de mortos da revolta no Egito já supera mais de 190 vítimas, num momento em que as autoridades falam de pouco mais de 25.

Em Alexandria, centenas de pessoas participaram no funeral de um membro do movimento da oposição da irmandade muçulmana. 

Noor Ali Noor tinha sido baleado pela polícia quando participava numa manifestação no passado sábado.

Nos últimos dias a polícia desertou as ruas, substituída pelo exército e por milícias de habitantes, depois de ter sido acusada de vários episódios de violência contra civis.

Dezenas de pessoas terão morrido no Cairo no sábado, visadas por franco-atiradores da polícia, durante os protestos em frente ao ministério do Interior egípcio. Há notícia também de dezenas de mortos nos protestos ocorridos durante o fim de semana na cidade de Suez

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Lobolo: Jornalista da BBC conta como comprou a sua noiva na Africa do Sul

 Estou sentado no meu carro, numa tranquila estrada no Soweto, impaciente.
 
Ao meu lado, o meu amigo Mpho conta piadas para tentar aliviar a tensão.
Lá fora, consigo ver uma longa fila de bungalows. Cada um tem um portão de aço e as paredes pintadas de forma brilhante. Nos caminhos impecavelmente limpos, há BMWs e Mercedes estacionados.
Hoje em dia grande parte do Soweto parece um subúrbio bastante acolhedor. Bem distante das batalhas anti-apartheid, entre 1970 e 1980.
O meu telemóvel toca. É uma mensagem de Bra Gugu. Um dos meus negociadores.
"Está tudo tratado", diz.
Começo a sentir um misto de alívio e adrenalina.
Depois Gugu e a equipa aparecem ao portão. Atrás deles, a silhoueta alta e magra de Kutlwano - a mulher que acabei de comprar. De acordo com os costumes locais, somos marido e mulher. 

À maneira africana

Aqui, na África do Sul, chamam-lhe lobola ou bohali. Mas a tradição de pagar o dote pela mulher com cabeças de gado existe por toda a África.
Quando conheci Kutlwano, há dois anos, a tradição soou-me arcaica e, de alguma forma, degradante para as mulheres.
Mas percebi o quão importante é por estas bandas e o quão séria é vista.
Quando eu conheci a mulher com quem queria casar, percebi que tinha que fazer as coisas à maneira africana - e esperando conquistar o respeito da família dela.
Bohali não é um procedimento simples. É um processo longo, complexo e com muitas regras - que variam consoante a tribo e inclinações das famílias envolvidas. 
O meu primeiro dever era escrever uma carta ao pai dela, informando que a minha família tencionava visitá-lo.
Mas a carta tinha que ser escrita em língua soto do sul, pela minha mãe, que é inglesa e não fala uma palavra em soto do sul.
Inicialmente, o pai da Kut não estava inclinado a ceder. Mas lá concordou que a minha mãe lhe enviasse um e-mail, em inglês.
Ela disse-lhe que iria nomear uma equipa de sul-africanos para negociarem o casamento em seu nome.
Eu escolhi Bra Dan, um amigo que é da mesma tribo que a família da Kut. É um operador bastante inteligente e bom no trato com as pessoas.
Também pedi a um camaraman meu amigo, Gugu, e a outros dois colegas, Ezra e Connie - todos de tribos diferentes.

Preço elevado

Mesmo a Kutlano estava entusiasmada, mas também estava preocupada que a sua família exigisse um preço muito elevado por ela.
Ela é formada, linda e não tem filhos. Tudo isso eleva o preço a pagar. E as pessoas por aqui tendem a pensar que os estrangeiros brancos são ricos. (Coisa que eu não sou).
A Kutlwano falou em privado com a sua mãe. E tivemos a indicação de que não nos devíamos preocupar. O preço seria justo, e não baseado na minha nacionalidade.
Em Leicester, na minha cidade em Inglaterra, os casais de raças diferentes são banais. Mas na África do Sul são ainda bastante raros.
As pessoas ficam a olhar para nós se caminhamos em espaços públicos de mãos dadas, ainda que a maioria fique apenas intrigada.
Quando saímos para fazer compras, as jovens mulheres negras perguntam baixinho à Kut como conseguem conhecer homens brancos.
Aparentemente temos reputação de sermos dedicados e de tomarmos conta de quem gostamos.
A raça é ainda uma questão complexa na África do Sul. Mas percebemos que a maioria das pessoas são bastante abertas e calorosas.

"Vale cada uma das vaca"
  
Finalmente, foi marcada uma data para a negociação.
Do lado de fora da casa da Kut, a família dela deixou a minha equipa à espera propositadamente uma boa meia hora.
Uma táctica tradicional. Finalmente, eles entraram sem mim. Trocaram-se garrafas de whisky, e chegou-se a um acordo no preço de cada vaca.
Mesmo nas zonas sul africanas modernas e urbanas, a vaca continua a ser a unidade de negócio.
Depois começou a fase de propostas.
Na África do Sul, é considerada falta de educação falar abertamente sobre quanto custa uma mulher. Portanto, vamos dizer que custou-me um rebanho. E valeu casa vaca.
Mas ainda não chegámos ao fim da cerimónia do casamento.
Doze semanas depois, estou de volta à mesma rua do Soweto. Desta vez tenho colocado um chapéu em forma de candeeiro tradicional da região, tenho vestido um fato de linho branco e tenho calçadas sandálias castanhas. Não é o meu estilo habitual.
Danço desajeitadamente rua abaixo - o meu cortejo canta canções em soto do sul e ri-se da minha falta de jeito.
Toda a vizinhança está na rua, a cantar e a gritar palavras de felicitações.
Quando chego a casa da Kut, dirijo-me à parede onde estão várias pessoas encostadas à volta dela. Puxo-a da família dela para a minha, completando o ritual.
As mulheres gritam de alegria e os homens riem muito alto e mexem uma bebida caseira muito forte - Mqombothi.
É uma verdadeira recepção na township (aldeamento). E, de repente, sinto-me em casa.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Jornalista: Um mensageiro do povo, voz dos sem voz, cavaleiro andante e justiceiro






Uma pesquisa sobre o uso do celular nos EUA em 2010

A Nielsen Company, fez um levantamento do consumo de celular como mídia nos EUA, em 2010, apresentando uma visão de uso dos dispositivos modernos de comunicação por parte do público.

































Nos EUA são cerca de 228 milhões de celulares em operação, sendo que 83,2 milhões são smartphones com acesso a web. Isso dá cerca de 36% da base com acesso a internet fora do browser, a partir de dispositivos móveis.

O que percebemos bem claro nesse infográfico é o aumento do envio de SMS. Cerca de 66% dos proprietários de celulares enviam ao menos 1 SMS por dia, que além de ser mais barato que falar é mais específico. O que surpreende e acentua o gráfico é o uso de mensagens de texto entre os adolescentes. Na faixa de 13-17 anos, a média de SMS enviadas/recebidas é de incríveis 3.705 mensagens por mês, o que dá mais de 100 por dia. 

Percebe-se que as crianças (até 12 anos) fazem uso de SMS quase tanto quanto os 18-24 anos, o que mostra que essa geração “Z” consome muito o celular como meio de comunicação. A curva decrescente do gáfico da SMS representa bem o que podemos observar, quem nasceu na época em que o telefone era só usado pra falar, fala muito mais ao telefone do que envia mensagens de texto.

E as mulheres comandam quando se trata de celular. Além de falarem mais, enviam mais mensagens. O levantamento aponta que as mulheres falam cerca de 28% a mais que os homens ao celular, são 818 contra 640 min/mês em média. Já nas mensagens são cerca de 716 para 555 SMS/mês.

Classificação Jornalística

Comparando com a classificação etária dos filmes, Tom Scott, acha estranho que não haja alertas sobre notícias duvidosas promovidas pela media. 
Para tentar resolver o problema com as próprias mãos, Scott criou uma série de adesivos que você pode imprimir e colar sobre matérias para não consumir de forma passiva tudo que queiram empurrar goela abaixo.
Ora vejamos a classificação do autor das notícias segundo Sott:

Quando se é jovem….


Quando você ouve o canto dos passarinhos no céu e se alegra com a sua algazarra na madrugada, sem dizer que eles vêm lhe perturbar o sono; quando você se delicia com o vento que sopra do mar, nas tardes quentes; quando você tem tempo para ver as flores que dançam a dança das cores nas praças e nas estradas; quando você tem a fé dos grandes conquistadores, dos profetas e dos inventores que enxergavam mais além, e marcaram o futuro pondo luzes na escuridão da ignorância humana, para nortear os que vieram e os que continuam a vir; quando você consegue despertar pela manhã com a certeza de que o dia oferece sempre a melhor oportunidade, a resposta correcta a todas as incertezas; quando você tem a mente aberta, positiva, criativa, optimista. Aquela que procura sempre a verdade.
Quando você tem consciência da sua inteligência e da sua genialidade; quando você acredita que há um poder Divino que vela por sua vida; quando você crê que esta imensa força faz tudo acontecer; quando você pensa grande e não tem medo do mal porque Deus é a sua defesa e protecção; quando você acredita que este mundo tem conserto, que cada dia que passa o torna ainda melhor; quando você sorri e fala e acredita que o paraíso está em você e ao seu redor;
quando você admira os heróis de cada dia. Quando você vibra de alegria com os que fazem o bem.
Quando aplaude os grandes gestos dos ricos e dos modestos, pelo simples valor que eles têm; quando você tem em mente seguir em frente com toda fé no presente e esperança no futuro;
quando você é capaz de sorrir para os mais velhos, de escutar os seus conselhos com paciência e mansidão; quando você cede o braço para que nele eles se amparem e diminui o passo, para que eles o possam acompanhar; quando você vibra e canta nas cordas do coração.
Quando você diz que nasceu para viver num mundo cheio de paz. Quando você não reclama porque acredita mesmo que a vida é você que a faz; quando você tem vontade de abraçar a Humanidade, negros, brancos, amarelos. Crianças, velhos, doentes, num forte abraço de amor;
quando você canta a vida, porque a vê como uma grandiosa seresta; quando você se emociona no sentimento da prece cheia de fé; quando tudo isso acontece, você é grande, é forte e existe em você o brilho da eterna mocidade.
Tenha você qualquer idade, você é um jovem!
Jovem é todo aquele que não se permite deixar de crescer a cada dia.
A sua meta é aprender sempre mais.
Jovem é todo aquele que se alimenta da fé e não teme falar de Deus, das suas convicções, da alegria que lhe sobeja na alma.
Jovem é aquele que se esquece de contar os anos e se surpreende a cada vez que o bolo de aniversário apresenta mais uma velinha.

Desabafo de um cidadão brasileiro


Por Hamilton Antonio

Ao longo desta minha vida de jornalista e radialista, fiz amizade com pessoas de vários segmentos da sociedade, pessoas que trabalham em profissões diferentes, entre estes, trabalhadores estão os policiais civis e militares, e foi numa destas conversas que pude entender como agem os delinquentes, principalmente os que traficam drogas. Primeiro como sempre me diz um policial respeitado entre tantos na cidade, é que traficante não tem pena dos nossos filhos, se eles puderem aliciar principalmente os menores para trabalhar para eles na venda de drogas eles o fazem, mas não sem antes viciá-los, pois assim os terá em suas mãos.
Enfim traficante é capaz de tudo para se dar bem, e no Brasil apesar do combate das autoridades, colocando os bandidos perigosos em prisões de segurança máxima, eles ainda de dentro destas fortalezas comandam grupos do lado de fora da prisão que estão ao seu dispor prontos para cumprir o que os chamados chefes determinam.
E o traficante Fernandinho Beira-Mar foi flagrado articulando a operação de sequestro do filho do presidente Lula, um dos mais populares homens públicos da história do Brasil, é porque o bandido criou espaços para isso e estava confiante na sua capacidade de chefiar um crime desta envergadura, e de dentro de uma prisão de segurança máxima.
Neste e em outros casos precisamos de fazer varias perguntas:
O que impede uma prisão de “segurança máxima” ser de segurança máxima?
Como Fernandinho Beira-Mar consegue os contactos com o mundo externo?
Por que os despachos com os advogados do traficante não podem ser gravados?
Por que ainda se permite visitas íntimas aos que brutalmente mandam matar, sequestrar, roubar, assaltar e traficar?
Como é possível que Fernandinho Beira-Mar ainda tenha acesso a meios de comunicação como rádio, TV e internet dentro da prisão?
O que leva a sociedade a apoiar este sistema carcerário onde o condenado tem mais regalias que o cidadão trabalhador?
Por que os políticos e a Justiça toleram a liberalidade nas cadeias para os presos perigosos?
Por que raramente se vê carcereiros punidos nesta relação promíscua que sabemos existir no trato com marginais?
E os governantes, será que se sentem desprendidos destas barbaridades praticadas por pessoas como Fernandinho Beira-Mar?

A primeira mulher presidente do Brasil


Por Carlos Eduardo da SN 

O ano de 2011 começou com uma mulher subindo a rampa do Palácio do Planalto, na Brasília, como presidente. Não é pouco.
Será um ano de concretizações de promessas, de avanço sobre bases estabelecidas, de muitas expectativas e cobranças também.
Dilma Rousseff, eleita com 56 por cento dos votos válidos é a legítima sucessora do governo Lula que terminou com aprovação recorde.
Deixou o PDT pelo Partido dos Trabalhadores há menos de uma década.
O primeiro cargo executivo foi como Secretária da Fazenda de Porto Alegre em 1988.
Para os movimentos femininos a eleição de Dilma para a presidência vale mais do que mil campanhas para a igualdade de género. Ex-guerrilheira torturada, mãe e avó.
Aos 63 anos, superou em tempo recorde um câncer linfático. Passou por quase tudo nessa vida.
Agora enfrentará outro grande desafio e parece preparada para tal.
Confesso que tenho um imenso orgulho em termos uma mulher como presidente do Brasil.
Sempre tenho um espírito favorável às questões de género que estimulam a discussões acaloradas na defesa dos direitos da mulher.
Enquanto sectores da imprensa se preocuparam com o cabelo, maquilhagem e vestido da posse dela como se fossem segredo de Estado, penso que uma mulher pode ser dirigente desse país como qualquer homem.
E tomara isso sirva de estímulo para que mais mulheres e homens com real desejo de transformar esse país se interessem pela política.
Excesso de optimismo ou não, estou apostando todas minhas fichas nesse ano que se inicia e na nova presidente, que Deus guie suas decisões.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Morreu o embondeiro da cultura moçambicana



Maputo, 05 Jan(GMN) - Da política às artes, foram muitas as manifestações de pesar pelo desaparecimento do pintor Malangatana Valente Nguenha, falecido, hoje, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal.
Muitos foram os que comentaram sobre a morte do monstro da cultura moçambica

“Fiquei muito chocado com essa notícia trágica”, disse Joaquim Chissano.

“Não percebo como é que o Malangatana, que parecia uma pessoa saudável e viajava com uma capacidade enorme, morre assim de repente”, confessa o arquitecto Pancho Guedes.

“Entendia que as culturas eram mulatas. É um enorme vazio a sua morte, mas deixa um grande legado”, refere Mia Couto.

“É uma grande perda. Para o mundo. Malangatana conquistou essa dimensão. Ultrapassou as fronteiras de Moçambique e de África. Esta perda é irreparável”, disse Domingos Simões Pereira, secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“A obra tem uma identidade muito forte. Quando olhamos para uma obra do Malangatana, imediatamente dizemos que é Malangatana. Tem uma autoria fortíssima”, sublinhou Isabel Carlos, directora do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.

“O que se pode falar de um embondeiro da cultura e um dos mais representativos de África? A cultura africana ficou órfã. Não sei o que vai ser de nós sem o Malangatana”, disse o pintor moçambicano Naguib.

Nascido a 06 de Junho de 1936, no distrito de Marracuene, Malangata foi um dos pintores moçambicanos mais conhecidos a nível mundial, tendo sido, em 1997, nomeado “Artista da Paz” pela UNESCO.