segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ANALISANDO O DISCURSO DE OBAMA (I)


Obama defende a "guerra justa" no discurso de Oslo


Nas imediações do Instituto Nobel, em Oslo, uma faixa erguida por activistas dos Direitos Humanos resumia esta quinta-feira a ambivalência suscitada pela escolha do Comité norueguês: "Obama, ganhaste o Prémio. Agora merece-o".

Ao atribuir o Prémio Nobel da Paz de 2009 ao primeiro Presidente afro-americano dos Estados Unidos, o Comité quis, antes de mais, fazer "um apelo à acção em nome de todos", capitalizando as esperanças de um desanuviamento das Relações Internacionais, após os oito anos da Administração republicana de George W. Bush. Foi essa a pedra de toque do discurso de Thorbjørn Jagland , que antecedeu a entrega do galardão. "A História," justificou o presidente do Comité Nobel, "está cheia de ocasiões perdidas": "É agora, hoje, que temos a oportunidade de apoiar as ideias do Presidente Obama".

Os críticos da decisão, como reconheceu Jagland, consideram que o Prémio "chega demasiado cedo". O Nobel da Paz é atribuído apenas nove dias depois de Barack Obama ter decidido destacar mais 30 mil soldados para o Afeganistão, uma das duas frentes de combate de um Presidente em guerra. Longe de reunir a unanimidade, a escolha do Comité é também um factor de fractura nos Estados Unidos, onde os estudos de opinião mostram que dois em cada três norte-americanos entendem que o sucessor de Bush ainda não deu provas de merecer a distinção.

"Profunda gratidão e grande humildade"

Pouco antes do início da cerimónia, durante uma conferência de imprensa, Barack Obama ensaiou o discurso oficial, deixando uma primeira nota de "grande humildade". Depois de salientar que "outros seriam mais merecedores", o Presidente norte-americano não tardou em defender algumas das grandes linhas para a política internacional da sua Administração, do combate ao aquecimento global aos esforços para travar a proliferação de armamento nuclear. Na primeira linha, a cada vez mais improvável estabilização do Afeganistão.

O objectivo, sublinhou Obama, "não é ganhar uma prova de popularidade, ou receber um Prémio, mesmo se é assim tão prestigioso como o Prémio Nobel da Paz".
Já com a medalha nas mãos, Barack Obama começou por se dizer "honrado" e tomado de uma "profunda gratidão e grande humildade". O Prémio, assinalou, "reflecte às nossas maiores aspirações, de que, mesmo com toda a crueldade e dificuldade do nosso Mundo, não somos meros prisioneiros do destino": "As nossas acções importam e podem virar a História na direcção da justiça".
Se for bem sucedido nas minhas missões, espero que as críticas diminuam de intensidade. Se falhar, nenhum cumprimento ou prémio no Mundo poderão esconder o fracasso


"E no entanto seria omisso se não reconhecesse a considerável controvérsia que a vossa generosa decisão gerou. Em parte, isto acontece porque estou no início, não no fim, do meu trabalho no palco do Mundo. Em comparação com alguns dos gigantes da História que receberam este Prémio, Schweitzer e King, Marshall e Mandela, as minhas conquistas são pequenas", acrescentou.

Continua...

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