quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A actuação ideal da mídia nos processos eleitorais


O papel da mídia e a possível influência dos meios de comunicação na decisão dos eleitores são lembrados nas discussões sobre o peso do horário gratuito de propaganda eleitoral ou simpelsmente "tempos de antena", nos debates televisivos, no espaço concedido pelos jornais a cada um dos candidatos entre outros.
Aqui, o meu foco centra-se na questão de fluxo de informações por parte da mídia. A actuação da mídia no processo eleitoral deve ter em conta a falta ou deficiencia de escolaridade de uma parte significativa dos cidadaos, pois esse é um dos pontos que tornaria o eleitorado mais susceptível e menos crítico em relação ao conteúdo veiculado pelos orgaos de comunicação e na própria escolha dos candidatos, para que o eleitor seja capaz de fazer uma opção consciente, ele precisa estar provido de informações adequadas sobre:

• Quem são os candidatos, quem os apoia, quais são as suas trajetórias e as suas propostas;

• O mundo social, isto é, quais são os desafios a serem enfrentados, as alternativas possíveis e suas possiveis consequências.

• Só um adequado e rigoroso esclarecimento da opinião pública acerca dos diversos projectos a escrutinar possibilitará escolhas conscientes por parte do eleitorado

• É da maior importância que, não obstante o eventual interesse público despertado pelo conhecimento dos pontos de vista defendidos pelos projectos eleitorais reputados como mais influentes junto do eleitorado, os "media" não fechem a porta a protagonistas políticos tidos como secundários, de molde a proporcionar aos consumidores de informação naipes razoavelmente contrastados de opções.

• Os "media" não poderão esquecer que todos os projectos políticos em disputa são, em princípio, interessantes enquanto instrumentos de cidadania, pelo que a todos deve ser facultado o ensejo de atingirem os seus destinatários.

O adjectivo "adequadas", na frase anterior, deve ser entedido como "verdadeiras". No entanto, para a maior parte dos casos relevantes, o valor da verdade é discutível.

Há que se ter em conta que, o que está em jogo são os princípios de percepção do mundo político e social, em meio a crenças, valores e convicções por parte dos cidadãos.

Os factos relacionados ao processo eleitoral não precisam apenas ser apresentados, eles precisam ser interpretados, encaixados em textos dotados de poder explicativo para que tenhamos eleitores, telespectadores e ouvintes dotados de posturas críticas no momento da votação. E, é a midia que supre esta necessidade.


MOÇAMBIQUE: A CAMINHO DAS ELEIÇÕES MAIS POLÉMICAS DE SEMPRE...




O número de candidatos a presidência da república faz deste pleito eleitoral o mais concorrido de sempre, no entanto, a CNE reduziu o número de partidos para um concorrencia tripartida composta pelas células do partido dos camaradas, FRELIMO, da "perdiz", RENAMO, e do partido revelação do presente ano, o "galo" ou simplesmente, MDM.

Na verdade, aquela instituição até que tentou reter este último, mas este revelou-se mais flexivel, ou não? tenho comigo que a expulsão dos partidos para as próximas eleições cheira mais a encomenda, sim, e o MDM só não foi excluido porque isso suscitaria fortes críticas por parte dos cidadãos, tendo em conta que o surgimento desta formação política é vista como uma ameaça, das grandes, para os velhos rivais (FRELIMO E RENAMO).
Um dado, diga-se de certa forma, curioso é que o MDM é composto por membros antes pertecentes a FRELIMO e a RENAMO, não só, nos últimos foram registados queixas nos jornais, nas quais o partido em destaque queixa-se de ser perseguido pelo partido no poder, um caso recente foi a expulsão da delegação do MDM em Chokwe por alegada falta de licença para ocupar o recinto, haja paciência, será que os membros do MDM foram que nem indivíduos do tipo "fora da lei", apossando-se de uma residência que não lhes pertence? e mesmo se fosse, as autoridades locais só foram descobrir agora que estamos no tempo da campanha eleitoral que afinal aquele partido não possuia a dita licença? não vou aqui citar os espancamentos sofridos por alguns membros deste partido pois creio terem sido presenciados através da mídia.
Estimados leitores, não quero aqui servir de advogado do MDM, mas creio que é tempo de despertarmos e fazermos escolhas conscientes sobre quem deve representar-nos na magna casa, é tempo de fazermos análises críticas e não acríticas, é tempo de eleger o conteúdo e o carácter dos nossos representates e não as marcas.
Enfim, apesar de todos os embargos, fica claro que o cenário actual destas legislativas faz das mesmas  as mais polémicas de sempre, desde a 90.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O atribulado caminho da educação em Mocambique

Por Carlos Manuel Serra

Falar sobre a educação não constitui, de modo algum, tarefa fácil, principalmente vindo de alguém com apenas alguns anos de experiência na docência. Talvez possa parecer, para alguns leitores, demasiada pretensão da minha parte, mas espero que entendam tratar-se de um simples gesto de partilha de inquietações e ideias em torno de um assunto tão importante como é o da educação em Moçambique, principalmente atendendo à tarefa extraordinariamente complexa de encontrar um ponto de equilíbrio entre a necessidade gigantesca de fazer chegar a rede de educação básica a todo o país e a todas as crianças, por um lado, e a exigência de construir um sistema nacional de educação baseado no pilar da qualidade, por outro lado.

Isto é, num país pobre como é o nosso, há que fazer opções, e a principal foi, claramente, assegurar que todas as crianças tenham um lugar na escola primária, o que, se diga, tem vindo a ser feito com grande esforço por parte dos principais intervenientes, a começar pelo próprio Ministério da Educação. Dai que, uma parte substancial do orçamento para o sector da educação seja canalizado para a construção e apetrechamento de novas escolas primárias, bem como para a formação de novos professores primários.