O terror no Haiti. O estrondo no Haiti. O pesadelo que, em minutos, rebentou pedras, casas, edifícios, vidas e esperança.
Um minuto antes, tudo estava no seu devido lugar: casas que amanheceram casas, árvores que amanheceram árvores, gente que amanheceu gente, andando, trabalhando, sorrindo, vivendo a vida, quase sempre difícil, num país lambuzado de pobreza, aquela pobreza arrastada anos a fio, mas vivendo a vida, na expectativa de que um dia as coisas melhorassem.
Um minuto depois, estilhaços de uma cidade a estilhaçar vidas, o peso do betão armado a sepultar o futuro resplandecente.
O horror congelado nos olhos das pessoas. Os gritos congelados nas gargantas das pessoas. Apenas as lágrimas derretidas, como se o fogo da tristeza e do medo as fizesse jorrar nas expressões dos que nada entendiam.
O horror congelado em todos os cantos do planeta, como se a distância não existisse e as cenas de desespero e medo acontecesse nas nossas cidades, nas nossas ruas.
E o mundo de braços atados, na proximidade virtual do trágico espectáculo, mas na enormidade da distância de um espaço engolido pelo medo.
Como explicar o inexplicável? Como compreender o incompreensível?...