Alguns analistas
dizem que a vitória eleitoral do Movimento Democrático de Moçambique-MDM nas
três principais cidades moçambicanas a norte do rio Save mostra que o partido
Frelimo, no poder, terá que reagir rapidamente para inverter a tendência de
voto, nas eleições legislativas e presidenciais do próximo ano, sob pena de
sofrer pesado revés.
Nas
recentes eleições autárquicas, o MDM ficou com as autarquias de Quelimane e
Beira, no centro do país, e Nampula, no norte, uma vitória que, segundo o
sociólogo Pedro Zibia, representa um sinal de mudança, embora numa
primeira fase, isso se reflicta apenas ao nível dos municípios, uma vez que o
MDM é um partido com uma implantação ainda muito localizada, num país tao
extenso como é Moçambique.
Na sua
opinião, uma das implicações desta vitória é ela funcionar como um factor de
pressão sobre a Frelimo e a Renamo para o fim da presente tensão
político-militar no país, pela relevância que o MDM passa a ter no debate
politico nacional, ao ocupar um espaço deixado em aberto pela Renamo.
O que ficou claro nestas eleições é que os militantes da Frelimo nao votaram no seu Partido, o que significa que há um descontentamento no seio deles, e muitos não se revêem nas suas políticas e no discurso do seu Partido.
O que ficou claro nestas eleições é que os militantes da Frelimo nao votaram no seu Partido, o que significa que há um descontentamento no seio deles, e muitos não se revêem nas suas políticas e no discurso do seu Partido.
Para o
analista Luis Loforte, a vitória do MDM traduz o facto de que, se calhar, a
Frelimo ainda acredita que a maior parte dos moçambicanos, continua a pensar
que é a direcção deste Partido que sempre vai encontrar soluções para os seus
problemas.
A Frelimo,
esqueceu-se de que durante os anos da sua governação investiu muito na formação
das pessoas, de tal ordem que essas pessoas formadas já começam a questionar, e
ela não foi capaz de entender que os questionamentos sempre precisam de estudo
e de reanálise das situações.
“Esta é a consequência de termos um exército de jovens formados que aprenderam a questionar, e como não têm encontrado respostas adequadas, então, estes resultados São consequências disso”, referiu Luis Loforte.
Contudo,
para o analista, estas vitórias do MDM a norte do rio Save têm outras
implicações de unidade nacional. Se fossem apenas vitórias politicas como
existem em todos os países democráticos, não haveria problemas, “mas eu tenho
vindo a notar que as vitórias do MDM a norte do rio Save, algumas pessoas
associam a algumas injustiças, a alguns desequilíbrios regionais, metem algumas
tónicas de tribalismo, de regionalismo, e isto é muito perigoso”.
Entretanto,
Luís Loforte considera que a vitória do MDM é também benéfica para a jovem
democracia moçambicana, porque uma democracia sem o contraditório não é robusta
e dificilmente pode crescer, mas lamenta o facto de algumas pessoas, após a
vitória do MDM em Quelimane, terem afirmado que os munícipes desta cidade se
libertaram da escravidão e que o povo da Zambézia não pode ser governado por
estrangeiros, o que já ultrapassa os objectivos.
“Não ponho
em causa qualquer virtualidade, qualquer mérito de haver Assembleias Municipais
diversificadas. Se fosse só isso, eu ficava muito feliz com isso, porque também
é mau a Frelimo ganhar tudo, porque aí a arrogância das pessoas havia de subir.
Eu desejava, de facto, que houvesse este equilíbrio que traga a discussão e
traga melhores ideias para o desenvolvimento da coisa comum”, sublinhou.
Em termos
de implicações desta vitória nas eleições legislativas e presidenciais do
próximo ano, é preciso ter em conta que o MDM ganhou em toda a linha. Mesmo nos
municípios onde a Frelimo ganhou as presidências e a maioria nas assembleias
municipais, há lugares que vao ser ocupados por elementos do MDM.
A
jornalista Célia Mahanjane acha que a vitória do MDM em Quelimane, Nampula e
Beira vai fazer com que as eleições legislativas do próximo ano permitam a
formação de um parlamento mais equilibrado.
Mahanjane entende que o parlamento seria mais equilibrado ainda se a Renamo participasse nas próximas eleições.
Mahanjane entende que o parlamento seria mais equilibrado ainda se a Renamo participasse nas próximas eleições.
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